quinta-feira, 23 de maio de 2013

Livros, histórias e faz de conta: uma paixão que pode ser despertada desde que somos bebês

Os estudiosos e os pensadores da área (Magda Soares, Fanny Abramovich, ...), defendem a ideia; os escritores (Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Eva Funari, Tatiana Belink) escrevem livros para nos provar;  as crianças pedem que lhes contemos histórias... o que falta para que nós, professores e professoras, adiramos à ideia?
Quem assistiu à socialização do projeto a seguir (CEJAS, outubro/2012) sabe que a literatura infantil passou a ter em minha vida uma importância crucial. Os livros e as histórias me conectaram às crianças de uma forma sui generis. Às vezes eu tinha a impressão que eu entrava mais nas histórias que inventava do que as próprias crianças. Não que as crianças se mostrassem desinteressadas e sim porque, no fundo, quando o adulto vive o sentido da fantasia, ele já retornou à sua própria necessidade de ouvir histórias.
Aproveito para publicar o projeto, que na ocasião de sua vivência recebeu a valiosa colaboração da minha colega Profª. Adelita. Não o publico, na verdade em seu formato original. Acrescento a ele algo que venho defendendo reiteradamente, que é a inclusão das atividades de cuidado, que prefiro chamar de educação de cuidados.
Percebo ainda olhares céticos de minhas colegas em relação à importância de nós, professoras, prevermos como faremos a educação de cuidados, uma vez que nos parece "óbvia" sua ocorrência. Porém. as coisas mais simples quando concebidas podem ser também as mais complexas na prática. Por isso, todas as pessoas que um dia adentraram uma sala de berçário concordarão que a prática pedagógica das professoras que educam bebês é, nas tarefas educacionais, tão similar em importância quanto educar em qualquer outra idade, ou seja, a vida toda do ser humano.   

Projeto: Comendo sanduíche com a Maricota


Objetivo de ensino:

- Pretendemos, com esta temática, colaborar com a construção de novos conceitos na criança, oferecendo a história “O sanduíche da Maricota” como possibilidade de vivenciar situações reais e de faz-de-conta.

Objetivos de aprendizagem:

- Vivenciar a história “O sanduíche da Maricota” de forma individual e coletiva, participando dos momentos de audição da história com interesse e entusiasmo;

- Participar da confecção do sanduíche da Maricota, observando e tocando nos seus ingredientes, manifestando desejo e concordância nos momentos de degustação;

- Expressar conforto, curiosidade na confecção dos materiais para a criação das galinhas de prato de papelão e com bexigas;

- Demonstrar alegria na interação com os personagens do livro "O sanduíche da Maricota" que serão colados em forma de painel.

Ações pedagógicas:

Chegada: as crianças estarão no portão da nossa sala, esperando-me e darão gritinhos de "bom dia" quando eu adentrar no portão principal do Centro. Pretendo chegar, durante a vigência deste projeto, como nos demais dias: cumprimentarei cada criança, dando-lhe a mão, sorrindo para ela e sempre que eu puder, se houver a menor chance, eu ainda a abraçarei com emoção. Em seguida, como já vem ocorrendo de uns tempos para cá, perguntarei se querem que eu conte uma história e eu sei que elas me apoiarão. Pegarei um livro na prateleira e todas já estarão sentadas no colchão. Sei que haverá brigas, briguinhas e brigonas, daquelas que vão me tirar o fôlego. Mas depois que a paz reinar, continuarei contando a história como se não fosse nada. Sei que terei de parar várias vezes para receber crianças que virão depois das oito horas. Mas sei, também, que quase nenhuma delas vai se dispersar, porque eu direi assim: - Muito bem, a prô vai receber nosso amiguinho, colocar sua mochila aqui em cima no parapeito da janela do trocador e vamos continuar nossa história. Assim funcionará de certa forma quase em todos os dias. Sei que nos interlúdios de uma história e outra terei vontade de cantar com e para as crianças e assim farei. Também poderei um dia me sentir cansada e preferirei sentar com as crianças no chão, brincando com elas e ouvindo-as expressarem-se em seu repertório oral. Sei que farei ainda outras coisas nesse momento que aqui eu denomino de chegada. Para o imprevisto, terei a saída de registrar em relatório, previsto para depois da ação vivida com as crianças.
Café da manhã: esta refeição será a primeira do dia. Teremos de ir ao refeitório mas antes ajuntaremos os brinquedos espalhados no chão da sala e, para isso, solicitaremos a ajuda das crianças. Haverá as que imediatamente concordarão com a tarefa; haverá outras que, ao invés de colocar os brinquedos no local indicado, segurarão os brinquedos ou jogarão de volta, ao chão, os que já estavam armazenados. Enfim, esta hora, às vezes, necessita de uma intervenção bem "pedagógica": a do convencimento. Poderemos observar comportamentos variados. Nós, professoras, elogiaremos os bons ajudantes, solicitaremos os que não querem colaborar... até que tudo esteja no lugar. Depois chegará a hora de abrir o portão e todos seguirão. Algumas crianças irão de mãos dadas com as professoras. Levaremos os que tendem a se dispersar pelo caminho. Talvez a dispersão tenha a ver com a autonomia das crianças dessa idade. Porém, não quereremos nos afastar delas, uma vez que na hora que saem do nosso campo de visão, poderão ter adentrado em ambientes não propícios para o momento. As crianças do Berçário II já alcançaram a estatura para segurar maçanetas e abrir portas.  É claro que no trajeto ao refeitório haverá outros desafios para as professoras: fazer com que todos cheguem juntos. O café da manhã, às vezes, parece ser a refeição menos esperada pelas crianças. Vamos ter de incentivá-las a querer experimentar o que será oferecido. Rodeando-as na mesa, falaremos do alimento, talvez tenhamos que experimentá-lo para que fiquem curiosas. Se forem oferecidas frutas, algumas crianças poderão rejeitar, já percebemos isso outras vezes. É preciso fazer um bom marketing das frutas para as crianças. Os hábitos alimentares que incluem frutas no cardápio do café da manhã são salutares. Crianças tendem a imitar mais do que fazer o que os adultos dizem para fazer.
Almoço: quando se aproxima a hora do almoço, metade do dia já se terá passado para algumas crianças e outras ainda permanecerão até mais um tanto de horas até a chegada de um membro da família para buscá-las. A hora do almoço é uma das atividades mais importantes do cotidiano dos bebês. Muitas aprendizagens são realizadas, algumas das quais pela oportunidade de repetir as ações. Novamente as crianças farão o trajeto, para algumas, cheio de aventuras. Ao chegarem próximos da mesa, serão ajudadas a tomar seus lugares. Geralmente prestamos atenção quem senta perto de quem, pois algumas crianças se mostram mais voluntariosas na proximidade, seja por ciúme, seja porque simplesmente não se sentem confortáveis de sentarem-se tão próximas umas das outras. As professoras vão reunindo dados advindos da observação diária das crianças e se utilizam do conhecimento sobre as crianças para fazerem as intervenções nos conflitos. O prato de comida será oferecido às crianças junto com a colher e como sempre acontece, elas logo começam a levar os alimentos à boca. Necessitamos ficar atentas a cada movimento.Será preciso observar a quantidade de comida que cada criança ingerirá, pois pela pouca idade e por estarem em processo de manejar a colher com habilidade, muitas vezes o alimento é derramado fora do prato, no chão, na roupa e bem pouco onde deve chegar: à boca. O almoço contém os alimentos energéticos e construtores do organismo humano, por isso a necessidade da atenção total das professoras. Será indicado que o refeitório esteja relativamente calmo e silencioso, isso ajudará as crianças a comer com mais apetite, sem agitação ou pressa.
Café da tarde: o café da tarde acontecerá, como sempre, como uma atividade do cotidiano, com horário previamente definido. Depois de tirar uma soneca, as crianças geralmente estão de bom humor, revigoradas e assim, tomar um café gostoso é muito bem-vindo. As crianças de período vespertino estarão juntas às demais que vieram pela manhã. As professoras vão distribuir os alimentos, fazendo menção à variedade do cardápio. Assim como nas demais refeições do dia, as crianças serão orientadas a cuidar para que não esparramem muito alimento na mesa e esta insistência faz com que depois, nos anos seguintes de frequência à educação infantil, mostre-nos que elas conhecem os bons modos à mesa e possam demonstrar que o processo civilizatório foi bem iniciado. Não podemos esquecer que nenhuma criança se educa a ela mesma. Os adultos, pais, mães, professoras e demais pessoas que a educam são, em grande medida, o modelo que vão imitar. Por isso, o psiquiatra Ivan Capelatto insiste na ideia de disseminar a ideia de Winnicott, de que uma criança precisa de um cuidador "suficientemente" bom, isto é, alguém que queira ser cuidador lúcido, consciente de sua responsabilidade e de sua tarefa de "ser" para essa criança.
Soninho: a psicóloga Gabriela Monea, em entrevista cedida à jornalista Flavia Werlang, afirma que uma criança entre um e três anos necessita de doze a quinze horas de sono por dia. Se ela dormir de dez a doze horas por noite, restarão, pelo menos, mais duas ou três horas para o ciclo se tornar completo. Por isso, o soninho nos Centros de Educação Infantil é um momento muito importante da rotina vivida pelas crianças. O déficit de horas de sono para a criança acarreta dificuldade na aprendizagem e incide no comportamento, fazendo com que ela responda com irritação aos estímulos do ambiente, além de torná-la impaciente e agitada. O sono tranquilo recupera as energias e devolve o bom humor à criança. A hora do soninho receberá, assim, especial atenção das professoras. Um colchão macio, uma coberta quentinha, um carinho nas crianças que têm desconforto na hora de pegar no sono, assim se conceberá a hora de dormir. Cada criança terá seu ritmo respeitado, pois em suas casas há uma diversidade de hábitos e costumes. A criança necessita de um tempo para se dar conta que no Centro há uma sequência de atividades que estão lá para que ela possa se sentir segura. Se até nós, adultos, sentimos insegurança quando adentramos um novo ambiente, o que esperar da criança que está apenas começando a conhecer o mundo em que vive.  

Brincadeiras livres no pátio ou na área coberta: dentre as atividades de maior relevância no dia a dia de nosso Centro estão as brincadeiras na área externa. As crianças serão levadas à área externa para que brinquem umas com as outras, com as motocas disponíveis, com potinhos recicláveis, com bolas, com bonecas, com balões e o que surgir, segundo as vontades que as crianças expressarem. Ficaremos atentas às brincadeiras das crianças, às interações que elas estabelecerem, às atitudes em relação à presença de outros adultos, além de nós, professoras. Um olhar atento sobre a brincadeira revela que : "No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que é na realidade" (Vigotsky). Durante as brincadeiras poderemos identificar quais linguagens predominam no grupo, como as crianças vão se apropriando do espaço, como vão superando movimentos amplos e finos, como se relacionam no compartilhamento de objetos e de brinquedos.


 Troca de fraldas, roupas, higiene das mãos e ida ao banheiro: as crianças entre um e dois anos começam a perceber o que vestem. Quando são convidadas a trocar as fraldas, as roupas ou a fazer a higiene das mãos elas podem concordar tanto quanto se negar a nos acompanhar até o trocador. Com o avançar dos dias do ano, as crianças vão percebendo que atividades são realizadas no trocador e, às vezes, elas não se interessam muito em parar a brincadeira. Como essa reação faz parte desta faixa etária, tomaremos o cuidado para não tornar esse momento desprazeroso, a ponto de termos sempre uma criança contrariada e um adulto tendo que lutar contra seu próprio sistema límbico que se degladia com o da criança. Haveremos de achar o meio termo. Tenho como saída propor algo que a criança queira trocar por aquilo que estava fazendo. Aqueles livros que geralmente não podemos dar a elas em grupo e que geram conflitos podem ser uma boa saída. No trocador, então, enquanto trocamos sua fralda, ela poderá se entreter com aquele livro tão cobiçado. Na hora de lavar as mãos, já percebemos, as crianças querem manipular o frasco com o sabonete líquido. Essa autonomia e com nossa ajuda, será um bom motivo para que lavem as mãos. Também, no trocador, poderemos explorar os pertences da mochila. Vamos oralizar claramente as ações que serão feitas durante a troca de roupas e fraldas.
Escovação de dentes: as crianças do Berçário II estão prontas a iniciar a escovação de dentes desde o princípio do ano. Temos certeza que a higiene será deficiente mas os ganhos nas habilidades de manuseio e na compreensão do sentido e da necessidade, inestimável. A escovação de dentes vem sendo organizada desde o começo da seguinte forma: as crianças são direcionadas a sentarem-se depois da refeição umas próximas às outras. Uma das professoras distribui segura as escovas e o creme dental. Uma a uma as escovas são entregues às crianças, chamando-as pelo nome. Dizer o nome completo da criança nesse momento é algo fantástico. Tornamos esse momento tão "pedagógico" quanto qualquer outro do cotidiano. As crianças ficam sabendo algo com o qual lidarão a vida toda: as pessoas têm nome e sobrenome. Evitamos, assim, apelidos indesejáveis e sobretudo, teremos como expressar nosso respeito pela identidade familiar delas. Ainda que o motivo exposto seja suficiente, escovar os dentes desta forma poderá nos dar a oportunidade de, aos poucos, conversar sobre o que comemos e do porquê necessitamos fazer a higiene dos dentes. Cantaremos a  música "Meus dentinhos".  
Atividades relacionadas à temática: as atividades a seguir ocupam em tempo e grau de importância o mesmo lugar que as atividades que são desenvolvidas para atender as necessidades básicas das crianças. Não se pode imaginar que uma criança possa esperar, ao pedir um copo d'água, que nós terminemos uma tarefa como as abaixo relacionadas. Por isso, parece-me indiscutível que um grupo de crianças esteja em condições de participar da audição de uma história ou de uma pintura com tinta guache sem que suas necessidades estejam minimamente satisfeitas. É claro que sempre haverá percalços, mas...
- Como o grupo de crianças do Berçário II são grandes apreciadores de livros e histórias da literatura infantil, contaremos a elas que temos uma novidade, um novo livro: “O Sanduíche da Maricota”. Contar a história com o auxílio das ilustrações.

- Fotocopiar o livro e recortar as ilustrações. Fazer um painel com a sequência das gravuras, colar na altura das crianças, de modo que elas possam apontar, falar, fazer observações. As professoras poderão explorar o painel com perguntas relacionadas aos personagens e sobre os acontecimentos da história. Observar como as crianças se relacionam com esse enredo. Utilizar as reações observadas para provocar perguntas nas crianças e a expressão de linguagens como a oral, gestual, musical e a pictórica.

- Confeccionar com as crianças duas galinhas, a partir de prato de papelão, convidando-as as ilustrarem e carimbarem as mãos e os dedos com guache. Expor na sala o material, nominando uma a uma, de modo que possam reconhecer sua galinha depois de pronta.

- Encher duas bexigas e dizer as crianças que transformaremos esses dois balões cheios numa galinha, como a Maricota. Convidar as crianças a colar tiras de papel de revista nos balões untados com cola, de modo a fazer pelo menos duas camadas. Depois de tudo seco, emendar os dois balões com cola quente, acrescentar penas para as asas e o rabo, fazer bico, crista e pernas. Todos os acréscimos serão feitos na presença das crianças, de modo que elas possam acompanhar a confecção, até a versão final da galinha. Utilizar a galinha no dia da confecção do sanduíche da Maricota.

- Convidar as crianças para a preparação de um sanduíche, como o da Maricota. Apresentar os ingredientes: alface, tomate, queijo, presunto, milho, ervilha, ovo, pão, margarina e pão Degustar o sanduíche com a turma, comentando o sabor dos ingredientes. Observar o envolvimento das crianças.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Construindo caminho metodológico para redigir relatórios de avaliação: o contexto, a criança e a reflexão da professora




Nos dias 02 e 03 de maio de 2013 reuniram-se as Professoras dos Berçários dos Centros de Educação Infantil do município de Jaraguá do Sul para participar de Oficina, intitulada “Construindo um caminho metodológico para redigir relatórios de avaliação". A oficina esteve sob minha coordenação.

O encontro objetivou contextualizar a avaliação na Educação Infantil segundo os documentos oficiais, apresentar referencial teórico que subsidia a prática da avaliação mediadora na Educação Infantil e a produção de um relatório de acompanhamento do desenvolvimento de uma criança.

Cada professora participou da Oficina num período de quatro horas em um dos turnos dos dois dias.


A oficina iniciou com uma dinâmica que se desenvolveu da seguinte forma: em uma faixa de papel craft, colada numa das paredes da sala, estava escrito o seguinte título “A estética da Avaliação”. Em seguida pedi às professoras que recordassem qual era a sensação que sentiam em dias de prova quando eram alunas do Ensino Fundamental. Salientei que apesar do conceito de Avaliação não poder ser reduzido ao momento de prova, este é ainda o entendimento de grande parte dos docentes. 


 

Em seguida, as professoras receberam uma tira de papel e pedi-lhes que escrevessem uma palavra que transmitisse o seu sentimento em relação ao que representou a avaliação na sua vida escolar. Cada professora colou sua palavra no cartaz, iniciando, assim, a composição do quadro sobre "a estética da avaliação" para as professoras presentes.
 



No segundo momento, fizemos uma análise e constatamos que as palavras escolhidas para expressar os sentimentos das professoras em relação à avaliação em seu tempo de estudantes de Ensino Fundamental demonstravam, em sua maioria, “desconforto”. Os quatro grupos dos dois dias de Oficina foram praticamente unânimes nesse aspecto. 







Como terceiro momento, as professoras foram convidadas a procurar uma imagem em revista que representasse o significado/a importância da avaliação na Educação Infantil. As imagens foram coladas no cartaz e a “obra de arte” sobre a estética da avaliação estava concluída. 

 


As imagens que as professoras privilegiaram sinalizaram que em Educação Infantil a avaliação tem uma estética positiva. E isto se confirmou quando as professoras tiveram que dizer uma palavra sobre a imagem escolhida. 



           Algumas das palavras ditas foram:
    - dia 02 de maio (matutino): aprendizagem, prazer, encantamento, estímulo, reflexão de dias vividos;
    - dia 02 de maio (vespertino): aprendizagem, planejamento, desenvolvimento, observação;
    - dia 03 de maio (matutino): desafio, conhecimento, processo, construção;
    - dia 03 de maio (vespertino): fases de crescimento, olhar o todo, descobertas, reflexão.
 
Após a dinâmica do cartaz, apresentei algumas lâminas que esclareceram quais documentos oficiais fazem menção à Avaliação como parte do processo educativo de crianças que frequentam a Educação Infantil. Os documentos consultados foram a Lei de Diretrizes e Bases, as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, a Proposta Curricular para a Educação Infantil do Município de Jaraguá do Sul. Esses documentos ressaltam que a Avaliação na Educação Infantil dar-se-á sem o objetivo de seleção, promoção ou classificação da criança. Que a avaliação deve ser entendida “como um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças” (RCNEI, 1998).


Como penúltimo momento da Oficina, fiz a leitura de um relatório de acompanhamento do desenvolvimento de uma criança, escrito por mim no ano de 2010. O referido relatório foi utilizado para fins de  "inspiração" para as professoras e não como "modelo" a ser seguido.





Após a leitura de parte do relatório e a explanação que se fez necessária, as professoras foram desafiadas a escreverem um relatório de acompanhamento sobre uma criança de sua turma da Educação Infantil.  O relatório produzido foi entregue e, após leitura e registro de sugestões, devolvido às professoras posteriormente. O roteiro que serviu de parâmetro segue abaixo:
  1. Capa
    - RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO
    - (Sugestão: colar carimbo da mão da criança feito com guache que representa um animal)
    - nome da criança
    - professoras
    - turma
    - ano letivo
  2. Identificação dos sujeitos (Sugestão: com fotos da turma e das professoras)
    Qual turma?
    De que Centro?
    Quantas crianças?
    Quais professoras e sua formação?
    Quais os nomes das crianças e suas idades até o mês de julho?
  3. Caracterização da turma:
    Como é a turma?
    De que gostam?
    No que se destacam?
    Quais suas atividades/brincadeiras preferidas?
    O que são capazes de fazer?
  4. Quais as atividades que acontecem todo dia (como elas se desenvolvem uma a uma)?
    Qual a importância da rotina para as crianças de zero a três anos?
    No que contribuem as atividades de rotina (falar da criança individualmente, citando o nome dela, como viveu as atividades nas primeiras semanas, no decorrer do semestre e agora ao fim desse período)?
    Durante as atividades de rotina, como ela se utilizou das linguagens (rir, chorar, olhar, gesticular, andar, correr, dançar, falar, imitar, brincar, etc)?
    Qual a disposição da criança para participar das atividades de grupo?
  5. Colocar duas fotos de dois momentos da rotina
  6. Quais os projetos (temas) que o grupo de crianças viveu durante o semestre?
    Em relação aos objetivos e às ações de cada projeto como o grupo se desenvolveu e quais as aprendizagens obteve?
    Quais foram os momentos marcantes ou significativos experimentados por essas crianças? Quais as atividades que a criança (individualmente) mais se identificou?
  7. Fotos de algum projeto desenvolvido
  8. Ao final do semestre, como vem ocorrendo o contato (nome da criança) com as crianças de sua turma? Como vem se comunicando com os adultos e as demais crianças?
  9. Quais os avanços a destacar na criança neste semestre?
  10. Anexar os trabalhos desenvolvidos durante o semestre. 
     











segunda-feira, 20 de maio de 2013

Onde o planejamento se encontra com a realidade ?


Acredito, da experiência que me advém da profissão, que todo planejamento objetiva, como resultado, operar uma mudança, isto é, algo que sai do estado em que se encontra e passa para outro. O planejamento é feito diante de uma visão de realidade para uma mudança no futuro. De modo que o direcionamento sempre existe: ou para mudar o que se mostra ou para continuar como está.

Planejamento pode dar, porém, uma noção contrária que, ao invés de servir como guia seguro, serve para ser burlado. E porquê? Porque a realidade é dinâmica, é dialética. Assim, se se instala a sensação de que algo saiu errado, não devíamos pensar que o planejamento falhou. Outrossim que por ter sido algo previsto, pode-se ter essa noção da não realização.

O planejamento quando se encontra no formato de texto tem a característica de ser mais reflexivo. Permite revisitas, quantas forem necessárias, até se aproximar do ideal. O texto aceita retrocessos e avanços, à medida que seu autor se dá conta de possíveis incongruências.
 
Na vida ao vivo, as coisas correm, não são estáticas, não esperam a vez, não se calam. Ao contrário, são tão "líquidas", para utilizar-me do termo de Zigmunt Bauman, que nos escapam entre os dedos. E é por esse motivo que a nossa agenda de trabalho sempre tem lacunas, vazios, buracos e, ao mesmo tempo, tem recheio, tem preenchimento e extensão. Tem complementação e superação.
 
O transbordamento de um planejamento só pode ser comparado ao transbordamento que está a implicar sua vivência. Neste quesito, ambos se encontram.  
 
 


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Relatório de acompanhamento do desenvolvimento: um olhar atento sobre a criança

Escrever Relatórios de acompanhamento do desenvolvimento de bebês e de crianças pequenas pode causar muita preocupação a professoras e professores. Geralmente escrever é uma tarefa penosa, principalmente se os cursos de Pedagogia não nos oportunizaram o exercício de escrever textos, muitos textos.  
 
Pensando nisso, publico, a seguir, um relatório de acompanhamento do desenvolvimento de uma criança, com o intuito de assegurar aos leitores, professoras e professores, que escrever é uma de nossas habilidades mais caras. E escrever se aprende escrevendo. Prova disso é que estou nesse exercício, ainda engatinhando como os bebês, na espera de alcançar o mundo.

 

Com um ano e seis meses, Felipe é uma das crianças integrantes do Centro de Educação Infantil Raio de Sol, junto com outras crianças da mesma faixa etária e que compõem o Berçário II.
            As professoras responsáveis pela educação e pelos cuidados da turminha do Berçário II são Alice Pereira, Pedagoga, com Especialização em Educação Infantil e Luciana Barbosa, Pedagoga, com Especialização em Metodologia do Ensino e Mestre em Educação e Cultura.
A turminha de Felipe caracteriza-se como um grupo de crianças alegres, falantes, inteligentes e muito criativas. Destacam-se pelo entusiasmo ao ouvirem histórias da literatura infantil. As músicas, as dramatizações e as encenações arrebatam o grupo. As crianças apresentam especial interesse no manuseio de livros, de revistas, mencionando as imagens que mais lhes interessam.
Tintas, pincéis e giz de cera são os materiais preferidos da turma. Expressam curiosidade por brinquedos, como carrinhos, bonecas, bolas e em especial as motocas. São destras nas brincadeiras de roda e para músicas com gestos e movimentos do corpo. Demonstram muita curiosidade por brinquedos novos e por objetos com rodinhas ou que podem ser empurrados. Mostram-se participativas nas atividades propostas pelos projetos de trabalho. Avançam diariamente na construção de sua autonomia e expressam-se buscando independência de movimentos e vontades.
            A agenda de trabalho com as crianças no Berçário II é composta de atividades de “cuidado” e das que são propostas pelos projetos de trabalho. Ambas são imprescindíveis para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.
Bebês necessitam de segurança e conforto. Esta é uma excelente justificativa para a existência da chamada "rotina" nas salas de Berçário (turma de bebês e crianças pequenas). Vivenciar diariamente uma sequência de atividades de cuidado e atenção fornece ao bebê a certeza de que suas necessidades serão supridas e, por isso, a importância de se observar a disponibilidade do adulto no atendimento ao que os bebês solicitam. 
As atividades de rotina acontecem todos os dias e são compostas das refeições, da troca de fraldas, da higiene, do soninho e das brincadeiras livres no pátio do Centro. Ainda que inseridas no âmbito dos cuidados primários e fundamentais das crianças, as atividades de rotina devem contribuir para o integral desenvolvimento dos pequenos. Elas oferecem oportunidade à criança de movimentar-se, desenvolver posturas corporais e explorar sensações em relação ao seu corpo. Sobretudo, as atividades da rotina oferecem às crianças a sensação de segurança e familiaridade, minimizando o desconforto que pode causar o distanciamento temporário de sua família.
Desde o início do semestre Felipe frequentou o Centro em período integral. As professoras sentiram-se preocupadas com a fase de "adaptação" de Felipe, haja vista que ele ainda não caminhava sozinho, apesar de seu ano e dois meses completos em fevereiro. A "adaptação" é conhecida como o período de familiarização da criança ao ambiente do Centro e com as pessoas. Felipe era o bebê mais dependente dos adultos na sala e isto deixou as professoras apreensivas, pois sua locomoção estava comprometida, bem como a mobilidade para outros ambientes com uma turma onde a maioria saía na corrida pelos corredores. Foi no final do mês de março que oficialmente Felipe andou e as professoras ficaram muito satisfeitas com sua nova capacidade de locomover-se. Atualmente, Felipe é um menino ágil e se locomove com destreza.
Felipe, no período de adaptação, demonstrava muitos momentos de desconforto, chorando, gemendo, engatinhando atrás das professoras, pedindo muita atenção. Ficava próximo do portão e chorava quando uma das professoras saía e não o levava. Como era muito bebê, demorou um pouco para compreender que as professoras sempre voltavam e que haveria sempre alguém a olhar por ele. Atualmente esse problema não existe mais para Felipe. Ele é conhecedor do que acontece no dia-a-dia de sua sala e isso o deixa muito tranquilo. Em relação aos colegas de sala, Felipe, no princípio do semestre e agora, finalizando-o, sempre teve um excelente convívio com os amigos de sala, não participando de conflitos ou em disputa por brinquedos. Felipe nunca foi motivo de nervosismo ou ciúme de outra criança. Com seu jeito meigo e tranquilo, envolveu-se com as brincadeiras que as professoras propuseram, com as músicas, com os brinquedos disponíveis. Felipe não demonstrava desconforto em dividir os brinquedos com os colegas. Ele os entregava e logo procurava outro disponível.
Com a mobilidade de Felipe em alta, caminhar até o refeitório sempre pareceu muito divertido. Mesmo em dias de chuvisco, Felipe preferiu andar sobre o pátio de pedrinhas, ignorando os chamados e orientações das professoras. Chegando ao refeitório, não era incomum ver Felipe meter-se debaixo de uma das mesas e só sair de lá quando pego pela mão. Mas na hora das refeições Felipe comeu com muito apetite desde o início do ano. A não ser nos dias de indisposição por doença, Felipe teve boa aceitação dos alimentos e experimentou novos com curiosidade.
O momento da alimentação da criança na faixa etária em que Felipe se encontra é de muitas descobertas. Os alimentos, antes de serem efetivamente levados à boca passam pela sensação visual (olhos que pesquisam o que tem no prato), passam pela sensação tátil (mãos que tocam o que tem prato) e sensação do paladar (que gosto tem o que tem no prato). Alimentar-se, assim, garante um momento de intensas aprendizagens e por isso tão importante para a criança em desenvolvimento.
 Felipe demonstrava interesse em alimentar-se sem ajuda. Porém, notava-se, no início do semestre, que precisava ainda de supervisão e ajuda com a colher, pois sozinho nem sempre conseguia levar à boca alimento suficiente para saciá-lo. Nas últimas semanas do semestre notou-se que Felipe teve duas reações novas. Ou se mostrava sonolento na hora do almoço, fechando os olhos durante a mastigação, ou se levantava constantemente do banco, tentando ir para outro lugar. Constatou-se que o cansaço deveria ser em função do horário em que chegava de manhã ao Centro. E a tentativa constante de sair do banco, bem... as professoras já sabem que todas as crianças um dia vão tentar isso.
Brincar também faz parte das atividades cotidianas das crianças dos Berçários. Todos os dias são criadas situações e momentos para as brincadeiras livres ou dirigidas. A brincadeira na infância representa a própria razão de viver e sem brincar uma criança tende a não se desenvolver saudavelmente. As brincadeiras ao ar livre foram as preferidas de Felipe e o brinquedo mais escolhido foi a motoca. Felipe demonstrou concentração nas brincadeiras com potinhos e pedrinhas, reagindo com alegria e tranquilidade enquanto se encontrava no pátio. Sua habilidade de subir e descer no escorregador melhorou muitíssimo depois que começou a caminhar sozinho e hoje não perde em nada em relação a outras crianças na agilidade de subir em cadeiras, bancos ou degraus.
Um dos momentos propícios para a aproximação com a criança individualmente é a hora da troca de fraldas e de roupas. A criança reconhece na professora alguém em quem ela pode confiar, quem a acolhe e com quem ela pode estabelecer contato de cuidados e de aconchego. Durante a higiene e a troca de fraldas, Felipe se mostrou sempre disposto em acompanhar as professoras, expressando satisfação por ser atendido individualmente. No trocador era convidado a subir pela escada o que lhe dava grande satisfação. Felipe é destas crianças que demonstram com um sorriso quando tudo está bem e seu humor sempre está em alta. As professoras aproveitavam a hora da troca de fraldas e roupas para interagir com Felipe, conversando com ele e pedindo que ele repetisse palavras como “Prô”, “Mamãe”, “Gabriel” o que Felipe fazia rapidamente. Durante a troca de fraldas e roupas Felipe também teve oportunidade de mostrar às professoras que conhecia seus pertences e sua mochila.
Manejar a escova de dente é algo muito divertido para uma criança da idade de Felipe. As crianças dessa faixa etária realizam muitas brincadeiras com a escova, inclusive, aprendem a escovar os dentes, porque isso, na verdade, é só um detalhe para a criança. É preciso grande investimento nessa hora por parte das professoras para que as crianças façam os movimentos com a mão que segura a escova. Quando as professoras escovam os dentes junto com as crianças, elas as imitam. Dizer que a escovação é feita para tirar os restinhos de comida da refeição anterior ajuda muito as crianças a querer escovar os dentes, mas sempre é preciso muita dramatização.
Durante a escovação de dentes nem sempre Felipe permaneceu sentado, excursionando pela sala a correr e se enfiar debaixo da mesa. Porém, ao se falar firmemente com Felipe, ele atendia as professoras e fazia ares de quem já sabia escovar os dentes. Quando as professoras pediam para Felipe mostrar os dentinhos escovados, ele sorria com vontade, achando a escovação dos dentes mais um bom momento para se divertir.
A hora do soninho, atividade necessária no cotidiano dos Berçários, representa uma ótima e necessária oportunidade da criança repor suas energias, principalmente aquelas que frequentam o Centro em período integral. O soninho acontece uma vez ao dia no Berçário II, logo depois do almoço e se caracteriza um momento propício para receber o acalanto das professoras. Felipe, desde o princípio do semestre, deitava em seu colchonete e logo dormia. Sem necessidade de chupeta, o relaxamento fazia Felipe logo pegar no sono. Seu sono era tranquilo e perfazia cerca de uma hora e meia. Ao acordar, Felipe parecia renovado, alegre e pronto para mais uma etapa do dia cheio de brincadeiras e aprendizagens.   
No cotidiano dos Berçário II acontecem também atividades relacionadas aos projetos de trabalho, que têm como base a Proposta Curricular de Jaraguá do Sul e objetivam desenvolver integralmente a criança, no âmbito das suas múltiplas linguagens, no desenvolvimento de sua identidade e autonomia, bem como sua socialização e ampliação dos conhecimentos de mundo. Os projetos são, predominantemente, fruto da observação do grupo de crianças do Berçário II e seus interesses.
            Durante o semestre reservou-se um momento do dia para a contação de histórias de literatura infantil. A formação de leitores inicia muito antes da leitura como decodificação. Por isso é salutar que crianças ouçam muitas e muitas histórias durante a infância, pois a fantasia, o faz-de-conta são linguagens que as crianças utilizam para falar de seu mundo e de sua compreensão sobre a vida. Durante o semestre, várias histórias foram contadas, dramatizadas, narradas e encenadas com e para os bebês. No início do ano Felipe não demonstrava apreciar muito sentar para ouvir histórias. Junto com outros companheiros preferia envolver-se com os brinquedos disponíveis na sala, demonstrando não querer parar para ver gravuras ou ouvir o que as professoras estavam mostrando e contando. Porém, com o passar dos meses, Felipe iniciou uma nova fase e atualmente é capaz de se concentrar numa narração ou nas ilustrações de um livro com facilidade. As professoras não forçam as crianças a permanecerem sentadas para ouvir histórias. Outrossim utilizam a manifestação do interesse delas para modificar a maneira de contar, de narrar, de encenar para as crianças. Como se os bebês fossem os termômetros para avisar às professoras se está interessante a atividade ou não. Felipe, por ser tão jovem em relação às demais crianças de seu grupo, demonstrou, até meados do semestre, que seu interesse era mais tocar o livro como suporte, do que se contentar em ser espectador. Atualmente, quando as professoras anunciam o momento da contação de histórias, Felipe procura se sentar no colchonete, à espera da história que a professora vai narrar. E quando os livros estão à disposição, ele os folheia com curiosidade e cuidado.
A maioria dos temas desenvolvidos pelos projetos durante o semestre foi colhida da observação dos interesses das crianças. O primeiro projeto desenvolvido com as crianças intitulou-se “Conhecendo os animais através da literatura: dedos, mãos e pés que desenham” e vigorou do início do mês de março até a primeira semana do mês de abril. Sua realização se justificou porque ofereceu oportunidade das crianças expressarem gosto e interesse por cores e formas, de ampliarem seu repertório e conhecimento sobre animais e de compartilharem sentimentos e emoções coletivamente. Felipe, durante a vivência desse projeto, conseguiu fazer os primeiros contatos visuais com figuras de animais em livros de histórias. Desenvolveu gosto em imitar animais através dos sons que emitem, dos movimentos que realizam e também fazendo caretas e olhares curiosos quando a professora contava algo interessante sobre os animais.
O segundo projeto trabalhado no semestre foi “Músicas para brincar de faz-de-conta”. O principal objetivo deste projeto foi oferecer oportunidade para as crianças entrarem em contato com a encenação e dramatização de músicas e, para que elas pudessem se expressar corporalmente, vivendo situações de faz-de-conta e vivenciando situações em que pudessem ampliar a comunicação oral. Felipe expressou alegria quando as professoras cantavam e quando a música incentivava gestos e movimentos. Ele se movimentava junto do grupo, observando as professoras. Com um sorriso de animação, Felipe começou a mostrar, dia após dia, a evolução de suas habilidades motoras, andando, correndo, dançando, impondo seu próprio ritmo. Para quem começou o semestre engatinhando, o desenvolvimento de Felipe foi muito a contento.
Uma das experiências mais interessantes vivenciadas neste semestre pelo Berçário II foi a visitação às demais turmas do Centro. O objetivo foi colocar nossas crianças em contato com crianças de outra faixa etária e realizar brincadeiras e atividades programadas. Essa oportunidade de convívio estimula diferentes reações e respostas das crianças, no que se refere à aquisição e à ampliação do vocabulário, na convivência do grupo e no processo da construção da autonomia. Numa dessas visitas foi realizada uma pintura com pincel e tinta guache na companhia de crianças do Pré-Escolar. Naquele dia Felipe participou com entusiasmo da atividade, pintando os cabelos e a boca. Ao notar que seria fotografado, abriu um largo sorriso de exibição.
Assim como Felipe se mostrou muito disposto em atividades de pintura, também apreciou fazer desenho com giz de cera, carimbar as mãos para fazer desenhos de animais, de carimbar os dedos. Nesses momentos sua relação com o grupo foi sempre tranquila, esperando a vez de ser chamado pelas professoras para participar.
“Fazendo arte com tinta, papel e sucata: borboletas, aranhas, peixinhos, cavalos” foi a denominação do projeto de meados do mês de junho. Este projeto ofereceu muitas oportunidades de expressão da musicalidade, linguagem das mais importantes na infância, incrementada com brincadeiras de faz-de-conta e de músicas dramatizadas. Felipe demonstrou fascinação pelo cavalo de pau confeccionado com meias e cabos de vassoura. Cavalgou na área externa e fez de conta que o cavalo o levava. Brincou com as aranhas feitas com garrafa pet, cantando a música "Dona Aranha". Pintou borboletas com os dedos e cola colorida. Observou os móbiles feitos com a borboleta. As músicas o incentivaram a acompanhar os gestos e os movimentos desses animais imitados pelas professoras.
Felipe termina o semestre fazendo novas aprendizagens e se desenvolvendo. Felipe sinaliza às professoras a lhe oferecerem novos desafios no segundo semestre.