quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Penso, logo planejo

Ainda em férias...
Vou à sacada e observo o mundo, o de dentro e o de fora de mim.
O sol dá ao dia uma luminosidade renovada. Deve ter feito mil promessas na noite de ano novo.
As árvores, os arbustos, as flores me dão a impressão de muito vivos e dispostos.
E eu, como estou?
Quando olho a mim mesma, o que percebo?
O que me dou neste dia e nos demais do ano que me farão brilhar, sorrir, encantar e seguir confiante?
Estou contando os feriados no calendário?
Planejo meus finais de semana ainda na estação do verão?
Penso em como economizar minhas energias e "aguentar" a árdua tarefa de ser professora?
Que pensamentos povoam meu cotidiano antes do recomeço do ano letivo?
Aproveito até o último minuto e faço de conta que não vai mexer comigo encontrar as crianças?
Adio as expectativas em relação ao meu novo grupo, afinal, devo respeitar meus últimos dias de férias?

Penso em outros profissionais e imagino que eles estão mais tranquilos do que eu e se saem melhor nos níveis de ansiedade diante da desafiante tarefa de se responsabilizar por crianças tão pequenas?
Por que estou lendo uma tese sobre documentação pedagógica?
O que pretendo privilegiar em 2016 que me dará satisfação e motivos para ir ao encontro de meu grupo de crianças?



Quais são minhas intenções ao me ater ao pensamento de que o que faço tem uma importância crucial na formação humana de meu novo grupo de crianças?


O que farei com o que faço todo dia com elas?


Como vou qualificar minha atuação e tornar o cotidiano mágico e interessante para as crianças e as demais adultas que trabalharão comigo?
Como gostaria que fossem documentados nossos encontros para que não se caracterizem apenas como uma tarefa exaustiva e sim transbordante de significado?

É que eu não sei não sonhar. O sonho é sobre o medo também, porque pensar sobre tudo dá muito medo. Quem tem medo se pega a pensar.

"Tudo que não invento é falso. Meu medo é inventado. Pode haver mais medo de fracassar do que as chances de errar que imaginamos?" (SIMIANO, 2015, p. 38). 

E nessa leitura*, que faço hoje, acho muitas respostas e consolo meu medo. Meu medo é meu respeito. Meu respeito é pelas crianças e pela minha profissão. Sigo lendo, garimpando ideias e novos olhares sobre antigas questões. O tesouro será construído aos poucos. Na reflexão e na renovação. Comecemos acreditando.

* Tese de Doutorado de Luciane Pandini Simiano: "Colecionando pequenos encantamentos... a documentação pedagógica como uma narrativa peculiar para e com as crianças bem pequenas", Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientadora: Profª. Dra Maria Carmen Silveira Barbosa. 2015.