Grande
parte da infância das crianças pequenas nos atuais tempos é
vivida em instituições de Educação Infantil. Este marco histórico
data muito recente no Brasil, uma vez que paulatinamente às crianças
pequenininhas deu-se o direito à vaga em função da etapa da
Educação infantil fazer parte da Educação Básica (LDB/96).
Vivenciar coletivamente as primeiras experiências junto a outras
crianças têm sido um diferencial para as crianças pequenas, dantes
educadas exclusivamente pelas famílias.
Famílias
e Centros de Educação Infantil compartilham a educação das
crianças e é nesta parceria que se percebe um entrelaçamento de
valores, práticas e crenças que envolvem adultos e crianças no
cotidiano.
As
crianças pequenas, peculiarmente, as das turmas de Maternal, que
beiram a chegada do terceiro aniversário durante o ano letivo,
requerem o atendimento de necessidades fundamentais de sobrevivência,
o que se denomina como alimentação, descanso, higiene.
A
construção da autonomia e do controle da vontade pelas crianças
nesse momento de suas vidas é um dos pilares a sustentar o
enfrentamento, a vivência e o investimento desse cotidiano. A
caracterização das vivências de atividades no âmbito coletivo,
como as refeições, o uso do banheiro e a hora do descanso está
atrelada aos costumes, aos valores e às concepções dos adultos que
organizam esse cotidiano.
Um
rápido olhar sobre as atividades desse cotidiano pode levar a pensar
que sua organização é simples e não necessita de reflexão
constante. Por outro lado, a reflexão apurada e complexa revela que
no decorrer da passagem do tempo, crianças e adultos vão se
modificando pelas interações e hora parece haver avanços e hora
parece haver pequenos retrocessos no encaminhamento das ações. A
constante retomada da orientação às crianças, seja no banheiro,
seja no refeitório, seja na sala do descanso objetiva tornar mais
corriqueiro e simplificado o comportamento da criança diante do que,
no início do ano, se mostra bastante conturbado. Ao mesmo tempo que
a criança avança em sua autonomia (por exemplo, retira sua roupa e
senta para fazer xixi, lava as mãos e seca sem ajuda, escova os
dentes, deita no colchão e começa a dormir, alimenta-se sozinha e é
capaz de informar sua saciedade ou não, etc), ela também percebe
novas possibilidades de fazer brincadeiras durante a vivência desses
momentos, uma vez que ela não encara a sequência das atividades que
“tem” de ser cumpridas da mesma forma que o adulto. Por isso, um
enorme investimento de energia é solicitado ao adulto nesses
momentos, o que acarreta a consciência por parte deste de que seu
papel na Educação Infantil convoca sua grande disponibilidade em
orientar a criança nos primeiros anos de vida nesses aspectos da sua
humana condição.
A
cultura, na qual todos estamos inseridos, dá-nos a maior parte das
pistas do que desejamos para as crianças e nesse sentido trabalhamos
o currículo da Educação Infantil, privilegiando e valorizando o
trabalho com a criança pois dele depende tudo o que se apresentará
a ela depois.
Sendo
assim, não se trata de dispensar o planejamento desses momentos. Ao
contrário, pelo planejamento, tornamos a “rotina” pedagógica,
tanto quanto queremos tornar os demais momentos, tradicionalmente já
considerados dessa natureza.
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