Semana passada veio visitar-me uma grande amiga, colega de docência do tempo de UNERJ, Drª. Graziela Escandiel de Lima. Contei-lhe minha paixão pelos bebês e sobre as leituras que venho garimpando, no intuito de compreender melhor como os bebês se desenvolvem e se educam em espaços coletivos, isto é, em nossa cidade, nos Centros de Educação Infantil.
Fiquei me perguntando se a visita de Grazi tinha apenas o intuito de matar nossa saudade ou se...
Quando ela estava saindo aqui de casa, pediu uma caneta e um pedaço de papel e escreveu o nome de um pesquisador que recentemente defendeu sua dissertação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O nome dele é Paulo Sergio Fochi.
No dia seguinte fui verificar do que se tratava e no site da Universidade encontrei: "Mas os bebês fazem o quê mesmo no berçário, heim?": documentando ações de comunicação, autonomia e saber-fazer de crianças de 4 a 14 meses em um contexto de vida coletiva, dissertação de Mestrado defendida em fevereiro deste ano, sob a orientação da Drª. Maria Carmen Silveira Barbosa. Na banca de defesa da dissertação: Craidy e Ostetto, de quebra.
Levei dois dias para ler o trabalho de 172 páginas, tamanha minha curiosidade em conhecer o conteúdo mais atual sobre bebês neste nível de pesquisa. E qual não foi minha surpresa ao ver que Fochi se inspirara teoricamente nas ideias Loris Malaguzzi, Emmi Pikler e Jerome Bruner.
Já não sei mais se a triangulação foi do trio Malaguzzi, Pikler e Bruner ou entre Grazi, os bebês e eu*.
Quando me debruço a ler um texto, resultado de uma investigação como a que cito aqui, que teve como orientadora e membros de banca as professoras doutoras acima citadas, sinto-me como que garimpando pedras preciosas. E se o referido trabalho envolve autores que atualmente tomaram uma importância como a que me foi dada de presente com Malaguzzi, Pikler e Bruner, então tudo se justifica: sou uma professora de muita sorte.
Malaguzzi e Pikler entraram em minha vida por intermédio do V Colóquio em Educação Pré-Escolar, realizado em São José, SC, no mês de julho do corrente ano. Duas palestras foram elucidativas quanto às propostas do Instituto Lóczy e as escolas de educação infantil de Reggio Emília e seu idealizador Malaguzzi.
Bruner me veio de surpresa numa palestra para professores de Ensino Fundamental, proferida, no final do mês de julho último, pela Drª. Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida - PUC/SP. A palestrante trouxe um pensamento de Bruner que me falou em especial: o conceito e o significado da narrativa de uma experiência. Para Bruner, a narrativa é uma representação que o sujeito faz da experiência histórica, social e do sentido que atribui a sua vida, de sua compreensão sobre como a realidade é construída e como, comunicando pela narrativa, lidou com tudo isso (1997). No trabalho de Fochi, Bruner teve papel preponderante porque o ajudou a compreender sobre a linguagem e a narrativa dos bebês.
A dissertação de Fochi nos possibilita parar para observar a capacidade que os bebês têm de explorar os ambientes e o mundo que abrimos para eles. O pesquisador acompanhou nove bebês de Berçário I, isto é de 4 a 14 meses, descrevendo alguns episódios de exploração que eles realizaram e de encontros entre pares, através de registro fotográfico e descrição detalhada e fundamentada. Fochi convida o leitor a se convencer de como bebês, por muito tempo vistos como dependentes, incompletos e imaturos, podem nos surpreender por seu protagonismo, competência e completude no que tange às capacidades de convívio, exploração e interação no ambiente, com o ambiente, com outros bebês e com adultos.
É preciso reconhecer que o campo de pesquisa sobre bebês ainda engatinha. Talvez nem isso. Apenas esteja começando a se equilibrar, sentado, rodeado de almofadas. Mas como sabemos o fim desta história, um dia esse bebê há de andar.
* Eu falo em triangulação de Victor, porque foi o sociólogo e professor Victor Alberto Danich, meu colega docente também da UNERJ, que um dia interpretou um fato semelhante que me ocorreu, como uma triangulação que, segundo ele, envolve três personagens afins em uma história que os liga de alguma forma a um fato comum.
Levei dois dias para ler o trabalho de 172 páginas, tamanha minha curiosidade em conhecer o conteúdo mais atual sobre bebês neste nível de pesquisa. E qual não foi minha surpresa ao ver que Fochi se inspirara teoricamente nas ideias Loris Malaguzzi, Emmi Pikler e Jerome Bruner.
Já não sei mais se a triangulação foi do trio Malaguzzi, Pikler e Bruner ou entre Grazi, os bebês e eu*.
Quando me debruço a ler um texto, resultado de uma investigação como a que cito aqui, que teve como orientadora e membros de banca as professoras doutoras acima citadas, sinto-me como que garimpando pedras preciosas. E se o referido trabalho envolve autores que atualmente tomaram uma importância como a que me foi dada de presente com Malaguzzi, Pikler e Bruner, então tudo se justifica: sou uma professora de muita sorte.
Malaguzzi e Pikler entraram em minha vida por intermédio do V Colóquio em Educação Pré-Escolar, realizado em São José, SC, no mês de julho do corrente ano. Duas palestras foram elucidativas quanto às propostas do Instituto Lóczy e as escolas de educação infantil de Reggio Emília e seu idealizador Malaguzzi.
Bruner me veio de surpresa numa palestra para professores de Ensino Fundamental, proferida, no final do mês de julho último, pela Drª. Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida - PUC/SP. A palestrante trouxe um pensamento de Bruner que me falou em especial: o conceito e o significado da narrativa de uma experiência. Para Bruner, a narrativa é uma representação que o sujeito faz da experiência histórica, social e do sentido que atribui a sua vida, de sua compreensão sobre como a realidade é construída e como, comunicando pela narrativa, lidou com tudo isso (1997). No trabalho de Fochi, Bruner teve papel preponderante porque o ajudou a compreender sobre a linguagem e a narrativa dos bebês.

É preciso reconhecer que o campo de pesquisa sobre bebês ainda engatinha. Talvez nem isso. Apenas esteja começando a se equilibrar, sentado, rodeado de almofadas. Mas como sabemos o fim desta história, um dia esse bebê há de andar.
* Eu falo em triangulação de Victor, porque foi o sociólogo e professor Victor Alberto Danich, meu colega docente também da UNERJ, que um dia interpretou um fato semelhante que me ocorreu, como uma triangulação que, segundo ele, envolve três personagens afins em uma história que os liga de alguma forma a um fato comum.
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