Não tocar, não mexer, não tentar... esperar até poder.
Tudo bem que agora tenha que fazer um enorme exercício como professora de bebês para não repetir e impingir meu próprio destino a eles. Mas... mães do século XXI, achei, já tinham superado essa mentalidade. Que nada!
Uma menina de dois anos risca os braços e é colocada a pensar sobre sua ação. Talvez ela tivesse alguns motivos pelos quais escolheu o próprio corpo como ideal para desenhar.
Mas tudo é uma questão de perspectiva.
Então eu vi, na contracapa de uma obra de literatura infantil o que escreveu a ilustradora sobre algo acontecido na infância. Conta ela que um dia foi ao seu quarto e desenhou na parede um sol enorme e grandes montanhas. A mãe, ao ver a "obra", não brigou. E a narradora finaliza: "E eu me tornei ilustradora".
São três momentos distintos com os quais tive contato e que me remetem à uma reflexão que não quer calar:
O que pensamos para as crianças?
O que vemos através de suas tentativas?
Que ordenamento é esse que não respeita a criação da criança?
Por que o mundo tem de ser tão pertencente ao adulto?
Por que logo escolhemos a lógica adultocêntrica e optamos sempre por nossas "ilustrações" como as únicas válidas?
Por que as crianças não devem fazer marcas em seu tempo?
Por que ainda o mundo não é um lugar democrático onde crianças e adultos convivem e se respeitam?