Sinto-me deveras satisfeita por ter localizado, em meus garimpos pelos títulos no site da biblioteca de teses e dissertações da Universidade Estadual de Campinas, a dissertação de Maria Silvia Pinto de Moura Librandi da Rocha. Este trabalho pode ser lido como a um romance: enredo, teoria e convencimento.
"A constituição social do brincar: modos de abordagem do real e do imaginário no trabalho pedagógico", sob a orientação da Drª. Maria Cecília Rafael de Góes, convence o leitor a ler bem devagar, a degustar cada uma das páginas porque este trabalho elucida, na trilha da teoria sociohistórica, de Vygotsky, Leontiev e Elkonin, a importância do jogo de papeis e do jogo de regras para a humanização da criança pequena.
Ser uma criança, foi o que de mais original nos aconteceu. Ser um adulto lado a lado com a criança é o que de melhor pode nos acontecer. "No processo interativo, o outro destaca, nomeia, dá relevância aos objetos. [...] ali onde a criança só vê situações ou representações concretas de objetos concretos o adulto o faz ver representações e símbolos" (Del Rio, 1990, p.113 apud Rocha, 1994). É preciso sensibilidade para entender que a criança é, para nós, professores/as, o princípio que justifica nossa profissão. Na mediação pedagógica, no delineamento de nossas intenções, cria-se e recria-se esse mundo de que a criança se apropria. Para Rocha, "a mediação é a categoria que permite entender a apropriação do mundo pelos sujeitos". Eis porque recomendo a leitura deste trabalho: ele pode mediar nossa nova interação com as crianças. E junto a elas desocupar-nos de nossas velhas certezas.