A tese de doutorado de Maria Carmen Barbosa e os textos que escreveu como consultora do MEC ganham novo sentido quando ouvimos suas palavras ao vivo. Esta oportunidade surgiu no início do mês de fevereiro, numa palestra, sob o título "O significado da escola de educação infantil nos contextos contemporâneos".
Maria Carmen Barbosa alertou que as experiências da infância têm uma importância muito grande porque constroem a personalidade da criança e o seu interesse pelo mundo e pelas pessoas. Atualmente, queremos crer que a educação infantil tem esse papel na vida da criança. É uma instituição que hoje justifica sua existência pois um de seus objetivos é oportunizar o contato com a arte, a cultura, a literatura, as linguagens a todas as crianças que a frequentam. A etapa da educação infantil deve ser hoje a melhor opção para a educação das crianças de zero a cinco anos por seu compromisso com as infâncias das crianças.
Nesta palestra também pudemos visualizar algumas fotografias tiradas por Barbosa de crianças em instituições de Educação Infantil e que nos revelam como esses povos consideram as infâncias de suas crianças. Muitas dessas imagens se assemelharam a ambientes que conhecemos em instituições de nosso município mas outras foram um tanto provocadoras no sentido de nos imputarem questionamentos quanto à diversidade de experiências que temos oportunizado.
Entre um universo de teoria e prática na história de atuação de Barbosa na educação brasileira, comoveu-me a sua escolha em trazer-nos a pesquisa sobre as capacidades de um bebê logo após seu nascimento, deitado sobre o corpo da mãe, em buscar o seio, provando-nos que bebês e crianças pequenas são muito mais competentes, potentes e protagonistas que nós adultos, em nossa pedante posição supostamente cristalizada em certezas, supomos.
Uma coisa me parece certa: saíram de lá muitas professoras achando a fala recorrente, denunciando uma irritante falta de humildade e senso de percepção. Estaria a palestrante chovendo no molhado? Não sei. Mas as palavras de Maria Carmen Barbosa sempre me remetem a pensar: temos tanto a estudar e a refletir. Nada melhor que ver a nós próprios, como um filme que mostra nossa ação junto às crianças. Até que ponto compreendemos o mundo infantil?